quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Viva o Rei do Baião!!!

Ontem Luiz Gonzaga completaria 99 anos. Esse grande artista brasileiro, nordestino e pernambucano, levou o forró e o baião para todo o país. Cantou alegrias, tristezas, injustiças e o cotidiano do sertão nordestino.

Luiz Gonzaga aprendeu com seu pai, Januário, a tocar acordeão e logo passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras. Aos 18 anos, entrou para o Exército e pode conhecer vários estados brasileiros. Nove anos depois, saiu das forças armadas para se dedicar à música, no Rio de Janeiro.

No começo, como instrumentista, seu repertório era composto por músicas estrangeiras. Apresentava-se em programas de calouros de paletó e gravata. Em 1941, ao participar do programa de Ary Barroso, fez sucesso com uma música de sua autoria, “Vira e Mexe”, de tema regional.

Contratado pela Radio Nacional, conheceu o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, de quem veio a inspiração de apresentar-se vestido de vaqueiro, traje que se tornou característico do artista.

Gonzagão era doido pelo ritmo que ajudou a popularizar: o baião.  Levou essa paixão para suas músicas.

“Eu já dancei balance,
Xamego, samba e xerém
Mas o baião tem um quê
Que as outras dancas não têm
Oi quem quiser é só dizer
Pois eu com satisfação
Vou dançar cantando o baião”


Cresci ouvindo Luiz Gonzaga com meu pai, que colocava um de seus discos (cheguei a pegar essa época) no som de casa. Aprendi desde muito cedo a respeitar o seu “fole prateado, com cento e vinte de baixo”. Mais tarde, foca do jornalista Wilson Midlej, o conhecimento e admiração só se aprofundaram. Nossos expedientes e viagens de trabalho tinham Luiz Gonzaga como trilha sonora. MIdlej conheceu Luiz Gonzaga pessoalmente e relatava de forma muito encantadora, como sempre faz, as histórias desse encontro.  

Para os nordestinos, que sentem na alma a vibração dos festejos juninos, Gonzagão é um rei, o Rei do Baião. Comecei a dançar forró com as músicas dele. Para falar a verdade, não me lembro de nenhuma festa junina sem Luiz Gonzaga. Para mim, chegam a ser sinônimos. 


"Vixi como eu tô feliz, olha só como eu tô pago
Nunca mais eu vô perder o forrozão lá do Zé Nabo
Vixi como eu tô feliz, olha só como eu tô pago
Nunca mais eu vô perder o forrozão lá do Zé Nabo"

Suas canções são de uma beleza impressionante. Tocam a alma do sertanejo e nunca envelhecem. Como não se divertir com a música “Respeita Januário” ou se emocionar com os versos de “A volta da asa branca”:

“A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador”

No dia 2 de agosto de 1989, os brasileiros olharam para céu e viu um balão multicor sumindo. Morria o Rei do Baião, vítima de parada cardiorrespiratória. E choveu lágrimas no nordeste.



2 comentários:

Wilson disse...

Grazzi, menina bonita, espírito velho em corpo novinho em folha. Vi a sua homenagem ao "Filho de Januário" e me senti também um pouco homenageado. Eu também fiz um arremedo de louvação ao "Sanfoneiro do Riacho da Brígida" em meu blob. Coloquei um link lá pra remeter para o seu texto.

Você, como sempre, deixando fluir a sua sensibilidade. Aliás, minha velha conhecida desde quando aos 22 anos, em 2006 voce já conhecida tudo sobre a Bossa Nova e até a gênese do genial João Gilberto. Eu sempre disse que o seu espírito velho, de várias reencarnações, tem uma memória prodigiosa pois o seu acervo de conhecimento não foi adquirido nesse curto espaço de tempo de vida. São aquisições passadas. Só pode ser...!

A música de Gonzagão será eterna: conseguiu emocionar ao seu pai, a mim, a você e, tudo indica, aos seus filhos e netos.

1 xero

Wilson Midlej

Anônimo disse...

Que saudade das suas postagens!! pq anda tão sumida... =( Adorava passar sempre aqui para ler aos seus escritos.