Luiz Gonzaga aprendeu com seu pai, Januário, a tocar acordeão e logo passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras. Aos 18 anos, entrou para o Exército e pode conhecer vários estados brasileiros. Nove anos depois, saiu das forças armadas para se dedicar à música, no Rio de Janeiro.
No começo, como instrumentista, seu repertório era composto por músicas estrangeiras. Apresentava-se em programas de calouros de paletó e gravata. Em 1941, ao participar do programa de Ary Barroso, fez sucesso com uma música de sua autoria, “Vira e Mexe”, de tema regional.
Contratado pela Radio Nacional, conheceu o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, de quem veio a inspiração de apresentar-se vestido de vaqueiro, traje que se tornou característico do artista.
Gonzagão era doido pelo ritmo que ajudou a popularizar: o baião. Levou essa paixão para suas músicas.
“Eu já dancei balance,
Xamego, samba e xerém
Mas o baião tem um quê
Que as outras dancas não têm
Oi quem quiser é só dizer
Pois eu com satisfação
Vou dançar cantando o baião”
Xamego, samba e xerém
Mas o baião tem um quê
Que as outras dancas não têm
Oi quem quiser é só dizer
Pois eu com satisfação
Vou dançar cantando o baião”
Cresci ouvindo Luiz Gonzaga com meu pai, que colocava um de seus discos (cheguei a pegar essa época) no som de casa. Aprendi desde muito cedo a respeitar o seu “fole prateado, com cento e vinte de baixo”. Mais tarde, foca do jornalista Wilson Midlej, o conhecimento e admiração só se aprofundaram. Nossos expedientes e viagens de trabalho tinham Luiz Gonzaga como trilha sonora. MIdlej conheceu Luiz Gonzaga pessoalmente e relatava de forma muito encantadora, como sempre faz, as histórias desse encontro.
Para os nordestinos, que sentem na alma a vibração dos festejos juninos, Gonzagão é um rei, o Rei do Baião. Comecei a dançar forró com as músicas dele. Para falar a verdade, não me lembro de nenhuma festa junina sem Luiz Gonzaga. Para mim, chegam a ser sinônimos.
"Vixi como eu tô feliz, olha só como eu tô pago
Nunca mais eu vô perder o forrozão lá do Zé Nabo
Vixi como eu tô feliz, olha só como eu tô pago
Nunca mais eu vô perder o forrozão lá do Zé Nabo"
Nunca mais eu vô perder o forrozão lá do Zé Nabo
Vixi como eu tô feliz, olha só como eu tô pago
Nunca mais eu vô perder o forrozão lá do Zé Nabo"
Suas canções são de uma beleza impressionante. Tocam a alma do sertanejo e nunca envelhecem. Como não se divertir com a música “Respeita Januário” ou se emocionar com os versos de “A volta da asa branca”:
“A seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador”
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva
Pr'esse sertão sofredor
Sertão das muié séria
Dos homes trabaiador”
No dia 2 de agosto de 1989, os brasileiros olharam para céu e viu um balão multicor sumindo. Morria o Rei do Baião, vítima de parada cardiorrespiratória. E choveu lágrimas no nordeste.
2 comentários:
Grazzi, menina bonita, espírito velho em corpo novinho em folha. Vi a sua homenagem ao "Filho de Januário" e me senti também um pouco homenageado. Eu também fiz um arremedo de louvação ao "Sanfoneiro do Riacho da Brígida" em meu blob. Coloquei um link lá pra remeter para o seu texto.
Você, como sempre, deixando fluir a sua sensibilidade. Aliás, minha velha conhecida desde quando aos 22 anos, em 2006 voce já conhecida tudo sobre a Bossa Nova e até a gênese do genial João Gilberto. Eu sempre disse que o seu espírito velho, de várias reencarnações, tem uma memória prodigiosa pois o seu acervo de conhecimento não foi adquirido nesse curto espaço de tempo de vida. São aquisições passadas. Só pode ser...!
A música de Gonzagão será eterna: conseguiu emocionar ao seu pai, a mim, a você e, tudo indica, aos seus filhos e netos.
1 xero
Wilson Midlej
Que saudade das suas postagens!! pq anda tão sumida... =( Adorava passar sempre aqui para ler aos seus escritos.
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