Hoje uma amiga me linkou uma foto do Nelson Rodrigues no facebook. Realmente, quem me conhece um pouco, sabe o quanto sou fã da obra do Nelson (é certo que temos divergências políticas... nada é perfeito). Para mim, ele é um gênio; soube como ninguém desvendar a natureza humana, com suas taras, demônios, hipocrisias, “moral”, fantasias e tragédias.
De certa forma, a tragédia foi uma visita assídua em sua família. Viu seu irmão ser assassinado na redação e seu pai morrer de tristeza meses depois. Passou por necessidades financeiras; e com a tuberculose, parte de sua juventude ficou nos sanatórios. Começou sua carreira jornalista no jornal do pai, na seção policial, aos treze anos. Ali, relatou crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados, histórias que utilizaria em suas crônicas futuras.
Como próprio se definia, Nelson era um menino que via o amor pelo buraco da fechadura. “Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico”, dizia. Se para muitos, fora um pervertido que só escrevia pornografias, para mim, é um revolucionário que expôs os conflitos psíquico, religioso, político e moral da sociedade.
Com ele aprendi que se passam mais coisas entre os muros da intimidade, do que possa supor nossa imaginação. Com ele, vi uma realidade nua e crua, lasciva, sem fantasias ou adornos. Enfim, vi a vida como ela é. Nelson, ou o Anjo Pornográfico, morreu em 1980, aos 68 anos. Ainda faltavam quatro anos para eu nascer; ainda faltavam 16 anos para eu o descobrir.
Escrevendo sobre ele me veio a lembrança de um colega de faculdade, do qual era caloura. Ele sempre me chamava pelo nome dos muitos personagens nelsonrodrigueanos (não irei revelar qual). Até hoje não sei se encaro isso como um elogio ou uma provocação. Para meu colega era um elogio. Prefiro assim, gosto dessa hipótese.
OBS: Quem quiser conhecer um pouco mais da vida desse grande dramaturgo, jornalista e cronista brasileiro, indico o livro “Anjo Pornográfico”, de Ruy Castro.
3 comentários:
Eu tinha 4 anos quando ele morreu, e o descobri quando tinha 18. Enquanto assistia Engraçadinha, lia O Casamento. Virei fã instantaneamente.
Já aconversamos muito sobre ele, não é mesmo?
Eu sou um dublê de cronista, ou um escritor charlatão se preferir, mas sempre vi no Nelson Rodrigues uma figura extremamente inspiradora. Não é a toa que é um dos meus escritores favoritos. A habilidade que ele tem de retratar as nuances dos pensamentos de seus personagens me fascina. É um tom cru, áspero, lascivo... É, literalmente, "a vida como ela é".
Pois olha: meus sinceros parabéns pelo blog, viu? Seus escritos e postagens são deliciosos de se ler. Foi sem dúvidas um presente ter encontrado seu blog.
Um abraço.
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