domingo, 18 de setembro de 2011

Uma ode ao interesse

 Fiz esse texto aos 17 anos para uma aula de filosofia, há uma vida...
Se fosse escrever sobre esse mesmo tema hoje, colocaria coisas diferentes; aprimoraria o discurso.
Mas, esses textos antigos são bons para podermos refletir sobre a nossa própria mutação.



Uma ode ao interesse

Você já parou para pensar no teor de suas relações? Falo aqui de qualquer tipo de relação estabelecida entre os homens. Pois bem, eu pensei! E infelizmente concebi o resultado: os principais dogmas da humanidade: o amor, a fé, a família... só existem no campo hipotético; todas as relações se dão por puro interesse.

Quero deixar claro que a noção de interesse que aqui estabeleço vai além do âmbito material, embora, muitas vezes, este sentido acaba por se tornar na conseqüência do interesse construído no “psikê”.

Não é de minha pretensão negativisar a existência. Mas, não se iluda: qualquer atividade, inclusive aquela de ajudar a um cego atravessar a rua, é banhada por segundas intenções. Esta relação é tão normal que não necessita de nenhum esforço para surgir: nasce instantaneamente do subconsciente, e por nos acharmos imáculos, para além do bem e do mal, só a constatamos, ou queremos constatar, materialmente.

Começarei minha argumentação tomando por base a instituição caracterizada por sua “solidez”, a família. A família nasce da união dos interesses de duas pessoas: os filhos, frutos dessa união, são meros instrumentos. Como não somos gatos, concebemos os filhos com o interesse de projetarmos neles nossos desejos frustrados pelos desejos de nossos pais. Pobrezinhos! Já nascem enraizados num ciclo vicioso. Família unida é sinônimo de que os interesses ainda são comumente compartilhados, ou pelo menos suportados.

Na fé (religiosa) encontramos o grotesco. Desmitifique sua noção de que o indivíduo CRÊ, TENTA seguir uma doutrina religiosa puramente para aproximar-se de “Deus”. O que eles realmente desejam é fugir do purgatório. Como as questões sobre a existência de um “Deus” não são concretas, os homens se apegam às formulações criadas pelos próprios homens por puro medo do desconhecido.

O amor? Ah, este não necessita de tanto latim. Nunca entendi por que os pais eram maltratados pelos filhos quando deixavam de ganhar a matéria que rege a saciedade. As pessoas só amam quando tem o porquê de amar, são aves de rapina que só sabem sugar, sugar e sugar.

Em tudo que olho encontro segundas intenções. Não pense que estas palavras que proferi são diferentes...

Continuando, é possível concluí que a política é tornou-se uma instituição onde é mais “confiável” qualquer relação. Pode parecer surreal, mais é digno de reflexão: na política as pessoas se integram conscientes da relação entre cobras que ali se estabelece. Apesar de não saber sobre o que o outro matuta, o indivíduo presente, primordialmente, já tomou consciência que nesse meio os outros sempre estão planejando algo, enquanto que nas demais relações, as pessoas se inserem sem nenhuma defesa, pois acreditam na pureza da alma humana.

Não quero dar um tom paranóico ao discurso, mas, de vez em quando, lembre-se de desconfiar daqueles que te rodeiam, independentemente do grau de afeto estabelecido, pois o homem está sempre interessado em obter vantagem. Nenhum ato é inteiramente puro, nem complemente sujo. O Bem e o Mal não trilham caminhos distintos; habitam em um único espaço: a mente humana.

2 comentários:

@simplesmentelauro disse...

a desconfiança permite que a turma se sinta viva para continuar vivendo sua certeza.
ah, e o amor vai ter cobertura do SUS em breve, foi o que aprendi no cinema hj hahahahaha

bj

@simplesmentelauro

Edgard Neto disse...

Lembro de quando me mostrou esse texto. haha :)