domingo, 18 de setembro de 2011

Woody Allen me entende

Tenho certo fascínio por Woody Allen. Não apenas por seus filmes, por suas histórias (adoro histórias do cotidiano, as mais improváveis)... Alguns gênios me transportam para o mundo deles, e de forma meio contraditória me libertam da minha própria realidade, fazendo-me vê-la com mais clareza.

Para mim, Woody Allen é um remédio que me cura de todos os males. Recorro-me a ele sempre, na alegria, na tristeza, na saúde e na doença. E sempre me faz bem. De uma forma surreal, comungo com ele.

Revi um de seus filmes hoje, “Anything Else” (não é um dos seus melhores). Nele Allen apresenta dois argumentos bastante peculiares. O primeiro é sobre terapia. É um posição interessante: muitas vezes, as coisas não tem um porquê, uma origem ou sentido ou uma resposta metafísica. Elas existem simplesmente.

Vou reproduzir o referido diálogo:


“Allen: Escolheu a psicanálise em vez da vida real? Tem problemas de aprendizagem?


Jason Biggs:  Obviamente, não está familiarizado com a psicanálise.


Allen: Errado. Estou totalmente familiarizado. Estelionatários similares tentaram de me enrolar em Payne Whitney.


Jason Biggs: Esteve em Payne Whitney?


Allen: Sim. Um manicômio. Estive no pavilhão psiquiátrico por seis meses, umas férias que não lembro com grande nostalgia. Mas eu era violento. É por essa razão que te colocam em uma camisa de força.


Jason Biggs: O que aconteceu? Por que esteve lá?


Allen: Terminei com uma garota e me indicaram um psiquiatra que disse: "Por que você se deprimiu tanto e fez tudo o que fez?".
Eu disse: "Queria essa garota e ela me deixou".
E ele me disse: "Bem, temos que analisar isso".
Respondi: "Não temos que analisar nada! Eu a queria e ela me deixou".
E ele disse: "Por que tem sentimentos tão intensos?".
Eu disse: "Porque quero a garota!".
Ele disse: "O que há por trás disso?".
Eu disse: "Nada!".
Ele disse: "Tenho que te medicar".
Eu disse: "Não quero medicação! Quero a garota!".
E ele disse: "Temos que trabalhar isso".
Peguei um extintor e o acertei na nuca.
Antes de que me desse conta, uns caras da companhia elétrica  tinham colocado fios de arame na minha cabeça e o resto foi...”

Enfim, identifico-me na sua paranóia, sua obra me compreende. Meio esquisito ou até maluco dizer isso, entretanto consigo dialogar mais com alguns autores e suas obras do que com gente. É assim também com Nelson Rodrigues e com Saramago. A psicologia deve ter um conceito.



Ah, em tempo. Segundo argumento apresentado por Woody Allen: “muita rejeição causa câncer”.

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