Tenho certo fascínio por Woody Allen. Não apenas por seus filmes, por suas histórias (adoro histórias do cotidiano, as mais improváveis)... Alguns gênios me transportam para o mundo deles, e de forma meio contraditória me libertam da minha própria realidade, fazendo-me vê-la com mais clareza.
Para mim, Woody Allen é um remédio que me cura de todos os males. Recorro-me a ele sempre, na alegria, na tristeza, na saúde e na doença. E sempre me faz bem. De uma forma surreal, comungo com ele.
Revi um de seus filmes hoje, “Anything Else” (não é um dos seus melhores). Nele Allen apresenta dois argumentos bastante peculiares. O primeiro é sobre terapia. É um posição interessante: muitas vezes, as coisas não tem um porquê, uma origem ou sentido ou uma resposta metafísica. Elas existem simplesmente.
Vou reproduzir o referido diálogo:
“Allen: Escolheu a psicanálise em vez da vida real? Tem problemas de aprendizagem?
Jason Biggs: Obviamente, não está familiarizado com a psicanálise.
Allen: Errado. Estou totalmente familiarizado. Estelionatários similares tentaram de me enrolar em Payne Whitney.
Jason Biggs: Esteve em Payne Whitney?
Allen: Sim. Um manicômio. Estive no pavilhão psiquiátrico por seis meses, umas férias que não lembro com grande nostalgia. Mas eu era violento. É por essa razão que te colocam em uma camisa de força.
Jason Biggs: O que aconteceu? Por que esteve lá?
Allen: Terminei com uma garota e me indicaram um psiquiatra que disse: "Por que você se deprimiu tanto e fez tudo o que fez?".
Eu disse: "Queria essa garota e ela me deixou".
E ele me disse: "Bem, temos que analisar isso".
Respondi: "Não temos que analisar nada! Eu a queria e ela me deixou".
E ele disse: "Por que tem sentimentos tão intensos?".
Eu disse: "Porque quero a garota!".
Ele disse: "O que há por trás disso?".
Eu disse: "Nada!".
Ele disse: "Tenho que te medicar".
Eu disse: "Não quero medicação! Quero a garota!".
E ele disse: "Temos que trabalhar isso".
Peguei um extintor e o acertei na nuca.
Antes de que me desse conta, uns caras da companhia elétrica tinham colocado fios de arame na minha cabeça e o resto foi...”
Enfim, identifico-me na sua paranóia, sua obra me compreende. Meio esquisito ou até maluco dizer isso, entretanto consigo dialogar mais com alguns autores e suas obras do que com gente. É assim também com Nelson Rodrigues e com Saramago. A psicologia deve ter um conceito.
Ah, em tempo. Segundo argumento apresentado por Woody Allen: “muita rejeição causa câncer”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário